“Matéria Escura” é o novo livro de Tiago Marcos.

O autor apresenta aquela que é a sua segunda obra autoral, na Feira do Livro de Beja. A sessão ocorrerá no dia 13 de setembro, pelas 16h30.

Nascido em Cuba em 1987, desde cedo que a literatura lhe aguçou o interesse criativo. As palavras, e o uso delas para criar e explorar os sentimentos mais diversos, são o que o preenche, por isso, em 2016 publicou “A Fonte das Palavras” e em 2020 integrou o projeto “O Eco dos Pássaros”. A par da escrita, é autor de inúmeros espetáculos de poesia performativa como “Nos Olhos da Noite” e “No Avesso das Palavras”, e é no palco onde habita a sua poesia, que cruza a palavra dita e a escrita numa fusão de emoções cruas e expostas.

Agora, volvidos quase 10 anos desde o lançamento do seu primeiro trabalho autoral, apresenta-nos a segunda obra “Matéria Escura”. 

Ainda que invisível e não palpável, a “Matéria Escura” agarra-nos e grava-nos a alma num turbilhão de emoções incapaz de nos deixar indiferentes. É no gravitacional da matéria que Tiago se debruça sobre a saudade, o viver, o sentir e o vislumbrar para lá do olhar.  É no peso e ritmo das palavras que a poesia se torna real, ganha cor e uma vida própria, deixa de ser apenas tinta no papel e passa efetivamente a existir.

Estivemos à conversa com o autor que nos falou um pouco sobre este novo trabalho.

Porquê Matéria Escura?

​​Escolhi este título porque vem um pouco na sequência do anterior, na “Fonte das Palavras” a ideia é dizer que se o homem é fonte das palavras o inverso também é verdade... Também são as palavras que nos fazem. Para este segundo livro o que fiz foi tentar ir mais fundo nessa ideia. A pergunta que fiz a mim próprio foi muito simples, "de onde surgem os poemas?" E acabei por ir parar a um conceito que na física é usado para descrever algo que não se sabe bem o que é e da qual só sentimos os efeitos que tem na gravidade...  Quero com isto dizer que não sei de onde vêm os poemas... Sei que os escrevo, sei porque os escrevo, sei como os escrevo, mas a ideia mãe de cada um, às vezes versos inteiros, aparecem vindos de um sítio que não conheço .

Existe uma linha que conduz os diferentes poemas do livro? 

Não há  propriamente uma linha, até porque, como leitor de poesia, não acho que os livros de poemas sejam para ler da primeira à última página, eu abro um livro leio um pouco e continuo ou não naquele poema... Às vezes não se encontra logo o que se quer, ou que se precisa naquele momento. Há no entanto momentos que marco no livro com frases mais curtas... Ou até com interrogações que se relacionam com os textos seguintes.

O teu livro traz algumas surpresas. Sem querer revelar detalhes, porque o abraçar de formatos de poesia menos convencionais?

Sim, é uma das vantagens de trabalhar com a Epopeia e mais especificamente com o Luís Caracinha, não dizem que não a uma aparente loucura... 

Já tínhamos feito umas coisas parecidas na "Fonte das Palavras" que envolviam dobrar páginas e coisas do género. Gosto muito disso, de brincar com o livro enquanto objeto, acho que acaba por o valorizar.

Em que é que esta obra difere de “A Fonte das Palavras?”

É difícil dizer... Passaram quase 10 anos desde a "Fonte". O que posso dizer é que, no que ao que conteúdo diz respeito, tem havido mudanças graduais. Os últimos textos que escrevi estão um pouco mais políticos talvez e alguns já estão no livro... No que há forma diz respeito, o que tem moldado a maneira como escrevo, é o facto de fazer agora mais spokenword, e o dizer em voz alta os textos ajuda a perceber o que funciona melhor foneticamente, mas isso já se sentia nalguns textos que escrevi para “A Fonte das Palavras”. São livros que se sucedem e a passagem de um para o outro é suave, acho eu.

Dizes que a tua poesia é inspirada em momentos do dia a dia. Sentes que a utilizas como catarse para explorar as emoções?

Catarse não diria, até porque não quero purificar nada... Não sei se é para isso que a poesia serve. Acho que é no máximo uma boa ferramenta para criar empatia... Mas sim, é ao dia a dia que vou roubando bocadinhos de coisas, situações, conversas, músicas, notícias... que até para mim são aparentemente aleatórias e depois aparecem nos textos...

O lançamento do livro, que já se encontra em pré-venda, será feito em “casa”. Quais são as tuas expectativas?

É sempre bom voltar ao Alentejo. Sei que vão estar lá alguns amigos o que vai tornar a apresentação mais divertida. De resto não tenho grandes expectativas... Vou tentar arranjar tempo para uma açorda! 

O lançamento de “Matéria Escura”, na Feira do Livro de Beja, ocorrerá no dia 13 de setembro, pelas 16h30, na zona pedonal do centro histórico de Beja. A feira conta ainda com uma programação gratuita variada para todas as faixas etárias que se divide pelos espaços do Auditório Escritores, o Auditório Pais e Filhos, o Auditório Espetáculos, o Espaço Leitores e o Espaço Consultório Literário.

O livro já está disponível em pré-venda.

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