“Aprendi a Amar as Manhãs” é o novo tema de Tiago Marcos
Este, que é o segundo tema de poesia musicada lançada pelo autor, já se encontra disponível nas plataformas digitais.
Natural de Cuba, Tiago Marcos encontrou no ritmo das palavras uma forma de catarse para explorar os seus sentimentos e vivências do mundo real.
Autor de inúmeros espetáculos de poesia performativa como “Nos Olhos da Noite” e “Matéria Escura”, cruza a palavra dita e a escrita numa fusão de emoções cruas e expostas no palco onde habita a sua poesia. Em Fevereiro, lançou “Ela”, o seu primeiro poema musicado, e agora, volvidos 3 meses, apresenta-nos “Aprendi a Amar as Manhãs”.
Conversámos com o autor que nos falou um bocadinho mais sobre este tema.
“Aprendi a Amar as Manhãs”, o teu segundo tema de poesia musicada, já está disponível nas plataformas de streaming. Tendo em conta o “Ela”, o que podemos esperar?
São textos completamente diferentes, até pelo tempo que os separa, o “Ela” é dos textos mais antigos que está na “Fonte das Palavras” tem mais de 15 anos... O aprendi a amar as manhãs sendo que parte do mesmo princípio de observação do que está à volta, passa por um filtro, por um eu diferente. É um pouco como diz no texto "como muda a luz, muda o olhar"
O “Aprendi a Amar as Manhãs” acaba por ser um texto mais virado para fora, é mais uma reflexão sobre a sociedade enquanto o ela acaba por ser mais pessoal.
Sentes que ambos os temas se ligam de alguma forma?
Sim, de alguma maneira, sim. A primeira ligação que me vem à mente é muito directa, se no “Ela” se diz que "ela anda perdida pelas ruas", o “Aprendi a Amar as Manhãs” é um desses momentos em que a encontro. Esse texto nasceu enquanto conduzia, a entrar em Faro numa manhã qualquer... Por vezes aparecem assim os textos. Em termos de linguagem há talvez mais mudanças, embora continue a gostar de escrever de forma simples para não haver tantas barreiras entre o texto e o leitor.
Há alguma temática em particular a que estejas constantemente a voltar na tua escrita?
Talvez o tempo. Alguém disse que na literatura só há dois temas: a morte e o amor.. O tempo faz uma boa ligação entre os dois. Se por um lado nos empurra para a morte, é mergulhados nele que usamos o amor para tentar dar algum sentido à viagem... A procura deste sentido seja a partir de um pormenor qualquer ou olhando o mundo de uma maneira mais geral cruza sempre o que escrevo... A urgência que vem com a noção de finitude faz com que os poemas não fiquem para amanhã.
Quais são as tuas inspirações na poesia?
A inspiração é uma questão difícil... Os textos as vezes só aparecem quase feitos e não tenho grande controle sobre isso... Sei que o que vou lendo e ouvindo, a música também é importante enquanto influência, podem fazer "acordar" poema novo, mas também pode ser uma conversa, um copo de vinho ou um olhar... Mas todas essas coisas são só o gatilho para soltar ideias que vou quase sem querer colecionando. É um processo ao qual chamar processo já é mentir, não é nada de linear, estruturado ou profundamente consciente... E isto é só uma maneira muito longa de dizer "não sei".
Dizes que “Ouvir um poema é um acto passivo”. Sentes que o lançamento destes temas é apenas algo que ofereces a quem ouve para desfrutar ou podemos considerar que têm também um papel de espicaçar o ouvinte a sair dessa passividade?
Sim ouvir um poema é mais fácil do que o ler... Mas é também mais limitado a voz e as suas nuances assim como a música condicionam a forma como o poema é recebido. E isso condiciona muito a interpretação... No meu caso é a minha interpretação dos meus textos o que pode dar um acesso mais directo ao âmago do que queria efectivamente transmitir. Contudo outras possíveis interpretações são válidas e esse pluralismo que o papel oferece é à sua maneira mais rico...
Podes avançar já algumas datas para o lançamento dos próximos temas?
Datas ainda não tenho, sei que vai acontecer mas entretanto vai sair o Matéria Escura e vão acontecer mais uns espetáculos, algumas colaborações novas... Está a ser um ano muito produtivo.